Moda e Música com Isa Menta: New Wave

Moda e Música com Isa Menta: New Wave

Oi, gente! Isa Menta aqui para apresentar mais um Moda e Música, o programa que irá unir os dois universos através de histórias de bandas, curiosidades de artistas, indicações de músicas, filmes e muito mais associado à cultura pop aqui no “Esse Tal de Rock and Roll”. E hoje, seguindo a linha do tempo do tema de estreia do nosso último programa, que abordou as influências do movimento punk, decidi falar sobre o New Wave – ou “a nova onda”, como preferir – a partir do momento de declínio do punk rock na década de 80.

Assim como algumas vertentes do punk exploraram ideais e estilos ainda mais agressivos e extremos – com o uso predominante de guitarras distorcidas, tocadas em maior velocidade, em acordes básicos e negando o esquema “verso/refrão/verso” –, o movimento também passou pelo seu momento de repaginação, ou seja, o New Wave. Através da evidenciação dos teclados, dos sintetizadores e de letras mais “suaves” e alegres, o estilo se consagrou como o mais popular do período, atingindo a aprovação quase integral da sociedade, o que a gente viu que não aconteceu muito com o punk em si, né?

E quem diria que o rock passaria pela sua fase colorida e alto astral, não é mesmo? Principalmente num momento em que o som progressivo já era considerado de certa forma “ultrapassado” e o mundo também passava pela Guerra Fria, ou seja, a tensão entre Estados Unidos e União Soviética, pode-se dizer que os rumos comportamentais da sociedade mudaram juntamente com outros aspectos, como a economia e a política.

Para quem não sabe – e eu confesso que também não sabia antes de começar a faculdade -, dentro da moda e de diversas outras áreas como o marketing, todos nós estudamos o que chamamos de “Psicologia das Cores”, que é nada mais do que o estudo do impacto das cores sobre o nosso psicológico. E num momento em que o diálogo intercultural era pouco e todo o caos havia sido instaurado pelas duas superpotências, a sociedade sentiu a necessidade de manifestar a esperança de uma possível melhora através de seu novo estilo e, claro, das cores.

Comparando os dois movimentos em sequência, ou seja, o punk e o New Wave, pode-se dizer que embora pertencentes ao mesmo gênero, porém em estilos musicais diferentes, a moda foi totalmente repaginada. As cores escuras, que denotavam a extrema força, a rebeldia e o mistério deram lugar às cores vibrantes, que expressavam a alegria, as boas expectativas, a harmonia e o entusiasmo aos olhos do povo.

Falando de música, as bandas pioneiras do movimento foram Talking Heads, DEVO e The Cars que, novamente, produziam músicas mais “bem comportadas” e inofensivas ao cenário da época. A banda Talking Heads foi marcada pelo caráter experimental e divertido das letras, que normalmente apresentavam um significado mais profundo, mas sem o tom agressivo do movimento anterior, como apontam alguns estudiosos da área. Ao englobar diversos gêneros, suas músicas possuíam construções mais rítmicas e faixas como “Once In A Lifetime”, “And She Was” e “Burning Down The House” foram marcantes para o momento.

Nesse contexto de diversão e leveza, o New Wave apresentava muito fortemente o amarelo, o rosa fluorescente, o verde neon e principalmente o laranja tanto em seus produtos quanto em peças de vestuário. Na moda, notou-se a grande utilização de roupas chamativas na mesma paleta de cores, além das sombras e batons em tons vivos e exóticos, que traziam um estilo futurista à composição.

No ano de 1978, o grupo The Cars lançou a ferramenta que contribuiu fundamentalmente para a difusão ainda maior do New Wave e sua consequente popularidade: o conjunto de faixas reunidas em um disco que levava o mesmo nome da banda. O resultado de suas músicas foi um pop futurista, produzido a partir da combinação de melodias envolventes, sintetizadores e elementos do pós-punk, que perdurou pelos outros discos presentes na história do grupo.

Já o DEVO, consagrou-se como clássico deste movimento musical por tratar de assuntos sérios, porém com viés mais divertido e bem humorado, ao representar, de certa forma, o futuro, segundo David Bowie. Que responsa, hein?

Em 1981, com o surgimento da MTV, as ligações entre moda e música se estreitaram ainda mais. Após a associação entre som e imagem, os videoclipes surgiram e, com eles, uma onda ainda maior de influências fashion, proporcionadas por cantores do momento. Além das pioneiras do movimento, bandas como Blondie, The B-52s, Soft Cell e A-HÁ produziram seus primeiros clipes e trouxeram inspirações junto a seus vestuários, caracterizados principalmente por tecidos tecnológicos, brilhos, ombreiras, perucas e meias coloridas. Além, claro, do crescimento e apelo à moda unissex.

De certa forma, pode-se dizer que a indumentária da década de 80 foi uma espécie de paradoxo. De um lado, a situação de incerteza e tensão no mundo, que trazia dúvidas constantes à população acerca de seu futuro. De outro, a alegria, versatilidade, sensualidade e ousadia pregadas pelo New Wave.

E já que moda e música são ferramentas de identidade, qual estilo você escolheria por um dia? O mais pesado e rebelde do punk ou o colorido e alto astral do New Wave? Eu sou a Isa Menta e esse foi mais um Moda e Música, que veio pra contar histórias e curiosidades através da união dos dois mundos. Aproveito para lembrá-los de me seguir lá no instagram @isaamenta! Obrigada e até a próxima!

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Isabella Menta

Isabella Menta

Isabella Menta (ou só Isa) é mineira, designer de moda e bacharel em ciências humanas, atualmente cursando ciências sociais na UFJF. Apaixonada por moda desde cedo, decidiu unir dois universos até então distintos (mas que se complementam) através do quadro Moda e Música, trazendo histórias, curiosidades e indicações.