Moda e Música com Isa Menta: Barbie, o Filme

Moda e Música com Isa Menta: Barbie, o Filme

Oi, gente! Moda e Música começando – o quadro que reúne histórias, curiosidades e indicações no Esse Tal de Rock and Roll -, Isa Menta aqui e uma das maiores tendências surgidas no ano de 2022 foi o famoso “barbiecore”, ou seja, a montagem de looks inspirados na própria Barbie e em todo o seu universo, que desde sempre são um fenômeno pelo mundo. Mas antes de tudo, você sabe como surgiu a Barbie?

Ruth Handler: a “mãe” da Barbie

Em março de 1959, a norte-americana Ruth Handler lançava em uma feira nova-iorquina a boneca, que logo se tornaria o primeiro brinquedo fashionista e empoderado da Terra. Após observar que sua filha trocava com frequência as roupas de suas bonecas de papel e o fazia com gosto, Handler percebeu que o mercado possuía uma falha em relação à presença de opções em plástico ou pano para bonecas que representassem a juventude, já que até então todos os brinquedos nesse sentido eram inspirados em bebês. Ruth e Elliot, seu marido, já eram donos de uma fábrica que produzia objetos com esses fins desde 1945 (a Mattel) e em 1958 viajaram para a Europa, onde compraram uma boneca Lilli para presentear sua filha. Inspirada justamente nela, que foi criada pelo jornal alemão Bild como personagem de pequenas histórias em banda desenhada, um novo modelo foi desenvolvido a pedido do casal norte-americano, levando em consideração o entusiasmo da filha com a possibilidade de vestir a boneca com diferentes aspectos.

No entanto, Ruth e Elliot pediram para que seu designer e amigo, Jack Ryan, reformulasse o visual do brinquedo, trazendo uma aparência mais adulta e também com um toque de sofisticação. O sucesso foi tanto que logo no primeiro ano, quando a Barbie começou a ser vendida por 3 dólares cada, 340 mil bonecas foram produzidas, superando a “original”, que fabricou cerca de 130 mil exemplares. O interessante disso tudo é que o nome com o qual ela foi batizada é uma homenagem à filha do casal, que se chamava Bárbara Milicent Roberts e tinha o apelido de Barbie. Pouco tempo depois, claro, com todo o êxito em vendas, a Mattel lançou o pretendente oficial da boneca, o Ken, que curiosamente foi inspirado no outro filho de Ruth e Elliot.

A ideia da norte-americana desde o início sempre foi mostrar que a filha poderia ser o que quisesse por meio da Barbie. Antes mesmo de o homem pisar na lua, a Barbie já tinha sua versão astronauta, sempre retratando desejos da sociedade da época, ainda muito limitada em relação à vida das mulheres. Passando por médica, veterinária, presidente e outros, desde a sua criação, a boneca já teve mais de 100 profissões diferentes e cerca de 50 mil visuais, sendo inclusive item de coleção ao redor do mundo. Sua imagem se tornou tão importante, que já protagonizou desfiles na semana de moda de Nova York, além de possuir edições customizadas por estilistas renomados, como Alexandre Herchcovitch. Embora um estudo realizado na Austrália tenha constatado que apenas uma em cada cem mil mulheres possui a estrutura corporal semelhante à da boneca, o intuito da Mattel sempre foi produzir um brinquedo que gerasse identificação por parte de quem estivesse brincando. Foi por esse motivo, aliás, que em 1968 surgiu a primeira versão negra, batizada de Christie, logo após alguns movimentos que lutavam pela igualdade nos Estados Unidos.

A fábrica, localizada em Los Angeles, reforça ainda mais esse objetivo com os dizeres presentes logo no hall de entrada “Inspirar e nutrir o potencial ilimitado em cada garota”, que também inspirou a criação da coleção Diversidades em 1980, com Barbies negras e em diferentes nacionalidades.        Mesmo com tudo isso, outra questão foi levantada. O padrão físico da Barbie acabou por desencadear influência negativa sobre algumas pré-adolescentes, já que as pernas longas, os seios maiores, o cabelo longo e liso e as medidas perfeitas se tornaram o sonho de diversas meninas pelo mundo. Nos últimos anos foi possível observar até algumas mulheres, em sua maioria ucranianas, se submetendo a cirurgias para se tornarem as “Barbies Humanas”. O mesmo ocorreu com o Ken.

Ruth revolucionou o mundo das bonecas quando colocou a Barbie em posições antes ocupadas majoritariamente por homens, como em cargos de CEO, bombeira, engenheira da computação, cirurgiã, etc. Com o passar dos anos, a boneca se tornou mais do que um brinquedo, virou um personagem. Diferentes versões, cada vez mais atuais, foram lançadas, como por exemplo, a coleção body positive, que contou com variados corpos e cores de pele, provocando reflexões acerca dos padrões de beleza. A estética predominantemente rosa, os looks super elaborados, os diversos penteados e cores de cabelo e toda essa atmosfera fashionista e empoderada da Barbie levou ela até mesmo aos cinemas, quando fez ponta no filme Toy Story 3. E não para por aí! No Youtube, a personagem conta com 5,5 milhões de inscritos e fala sobre temas importantes, como bullying e abuso.

Em 2019, mais uma vez a empresa se destacou, lançando o projeto RoleModels, que passou a presentear artistas com versões da Barbie que possuíam sua cara, de forma exclusiva. A linha Barbie Mulheres Inspiradoras passou a produzir bonecas homenageando grandes mulheres da história, como por exemplo, a Frida Kahlo e diferentemente da anterior, estas foram postas à venda no mercado. Em cada “atualização”, o brinquedo passou a adotar visuais que variavam desde o clássico, até os mais radicais e futuristas. A Mattel chegou, inclusive, a disponibilizar acessórios separadamente para incrementar sua beleza, abrindo margem para estar sempre em constante mudança.    E não foi só com as roupas e bonecas que o “Barbie World” foi trazido para a vida real. Algumas semanas atrás, as redes sociais foram bombardeadas por cenas tiradas do set de filmagens da produção que carrega o mesmo nome da boneca e surpreendeu os fãs, já que é o primeiro longa em live-action da Barbie, estrelado por Margot Robbie e dirigido por Greta Gerwig. Um dos motivos que levou o público à loucura foi o fato de o trailer estar repleto de referências icônicas. Logo de cara, temos a cena onde os pés da Barbie estão em evidência com ela caminhando e em seguida, quando ela tira seu salto, seus pés continuam na mesma posição, fazendo alusão à anatomia dos pés da própria boneca na vida real. Em outro momento, é mostrado o carro dela, exatamente igual ao original, além disso, os objetos estão representados de forma extremamente grande e desproporcional em relação a ela, assim como sempre foi com o brinquedo.

Os pôsteres lançados no instagram oficial também foram geniais, já que trazem versões da Barbie e do Ken, incluindo uma com a Dua Lipa vestida de sereia, em referência a primeira Barbie sereia lançada. Em todas as imagens é possível observar descrições para os dois personagens, com atenção especial para uma com o cabelo cortado, bagunçado e a cara rabiscada (assim como muitas meninas faziam quando criança com a boneca, porque eu duvido que você nunca tenha visto uma Barbie toda caindo aos pedaços) e a legenda “essa Barbie está sempre abrindo um espacate”, outra ação que muitas crianças repetiam com o brinquedo. Diferentemente das Barbies, os Kens são representados nos pôsteres apenas como Kens, sem a individualidade e diversidade de profissões que as anteriores. Assim, com todos os personagens homens, a descrição varia entre “esse é só o Ken” ou “esse é outro Ken”, “Ken de novo”, etc. Ah, e o site “Barbie Selfie Generator” permite que você crie um pôster com a sua foto de graça!

A data de estreia está prevista para o dia 21 de julho desse ano e das duas, uma: ou o filme será sensacional ou totalmente o oposto disso. E você, o que acha? Me conta lá no instagram, @isaamenta, eu sou a Isa Menta e esse foi mais um Moda e Música, reunindo histórias, curiosidades e indicações dos dois universos aqui no Esse Tal de Rock and Roll. Obrigada e até a próxima!

Ouça novamente a coluna Moda e Música com Isa Menta na Rádio Inconfidência:

E para você, qual a Barbie preferida?

Isabella Menta

Isabella Menta

Isabella Menta (ou só Isa) é mineira, designer de moda e bacharel em ciências humanas, atualmente cursando ciências sociais na UFJF. Apaixonada por moda desde cedo, decidiu unir dois universos até então distintos (mas que se complementam) através do quadro Moda e Música, trazendo histórias, curiosidades e indicações.