[PREMIERE] Josephines’ Lonely Hearts Club Band

[PREMIERE] Josephines’ Lonely Hearts Club Band

Qual a última vez em que escutou um disco e teve vontade de chamar os caras – no caso, os músicos – para tomar umas, afogar as mágoas e falar sobre esperança? Pois foi essa a sensação que eu tive ao perpassar as 10 faixas do quentíssimo segundo álbum da gaúcha Josephines, que, há muito, já havia dado as caras por aqui, num intercâmbio mais do que apropriado entre Minas e Rio Grande do Sul.

Com um toque de dreampop que embala a maioria das faixas, é possível dizer que o Josephines envelhece bem, obrigado. Sem deixar de lado reverências eternas ao alt-country como Wilco e Uncle Tupelo, em “Hope or Broken Wings” o Josephines vai mais fundo e homenageia ícones do rock dos anos setenta para cá, como The Jesus and Mary Chain, Lou Reed e até U2: a faixa “Nothing Ever Ends” remonta os acordes hipnóticos de “Bad”, uma das minhas favoritas de “Unforgettable Fire”.

O guitarrista Luiz Espinelly aponta, adivinhem, o Brasil de Bolsonaro como o fio condutor das canções de amor e desespero deste belo álbum: “Hope or broken wings é um disco que começou a ser gravado em 2016 e era pra ser sobre desajustados, a noite e relacionamentos, mas foi absorvendo as nossas vivências e dificuldades em lidar com a sociedade contemporânea, ao ponto de virar um disco meio distópico, como o Brasil de 2019. Só que ele vem na primavera e tem esperança no nome. E a gente espera, sem cinismo ou inocência, que exista uma saída desse inferno em que a gente se meteu – e o disco reflete isso. Ele é a nossa vingança, em forma de arte. E os canalhas odeiam arte“, assinala Espinelly.

Pôster da banda feito pelo artista Law Tissot

A gravadora Lovely Noise Records continua prestando seus ótimos serviços em nome da cena underground brasileira por meio de mais esse disco. Só que, dessa vez, ela foi mais longe. O próprio dono do selo, Régis Garcia, resolveu participar das gravações: “tive o prazer de gravar barulhinhos de guitarra, percussão, teclados, sintetizadores, programações, shcuuuuzzzs, rrrrrs, plins e tzuuuens. A minha música favorita do disco é Josephine (and The Nighthawks)“, sentencia Garcia. E escolher uma favorita dentre 10 pérolas agora disponíveis em streaming parece ser um desafio à parte para os fãs (e futuros fãs) desses gaúchos que sabem o que dizem – e o que tocam.

E como tocam.

“Hope or Broken Wings”: Confira o álbum completo do Josephines

E então, diz pra nós o que achou da premiere com o Josephines aí nos comentários!

Marcos Tadeu

Marcos Tadeu

Jornalista, idealizador e apresentador do Rock Cabeça na 100,9 FM, Rádio Inconfidência FM (MG) desde 2016. Acima de tudo, um fã de rock gringo.