Midnight Guest: Lemmy e ocultismo em conexão Brasil-Canadá

Midnight Guest: Lemmy e  ocultismo em conexão Brasil-Canadá

Então, Lemmy e o capeta entram em um bar….A história poderia começar como uma piada, mas terminou como uma das bandas mais legais que você terá notícia este ano. Contando com um vocalista “importado” que é a cara (e a voz) de Lemmy Kilmister, a lenda do MOTÖRHEAD, além de letras soturnas que remetem ao terror e ao oculto, o Midnight Guest chega com um EP afiadíssimo que, além de flertar com o medo, vai botar todo mundo para dançar.

O Midnight Guest foi criado em plena pandemia, em 2020, pelo guitarrista Daniel Stunges. Para botar a locomotiva nos trilhos, ele se uniu ao vocal de Kjetil Landsgard, norueguês que vive no Canadá, e aos músicos Tadeu Correa na bateria e Eduardo Oliveira no baixo. Com cozinha brazuca e fronte gringa, estava selado o destino do Midnight Guest, uma banda de hard-rock com um pé no terror, por assim dizer. “Nossa música é sobre o que está sombras”, resume Stunges.

Bem-vindos ao Occult Rock

Segundo a banda, a gênese de Midnight Guest vem da vontade de criar dentro do gênero do occult rock, popularizado por nomes de peso como Black Sabbath e Ghost, mas que também tivesse uma atitude punk mesclada ao metal, como é o caso de Motörhead e Misfits.

A gente abrange muito mais do que isso, ainda que no fim das contas tudo esteja conectado.

Daniel Stunges – Midnight Guest

Como uma ponte entre o presente e o passado, Midnight Guest sintoniza o heavy rock e occult rock dos anos 70 com um olhar moderno em seu EP de estreia. Lemmy, lá do inferno, deve estar orgulhoso.

2 Toques com Daniel Stunges

RC: O Midnight Guest soa como Lemmy preso num filme de terror. Explica pra nós esse conceito do “rock do oculto” do seu EP, bem como a capa que remete muito a Exorcista e similares….

DS: “Lemmy preso num filme de terror” é a melhor definição que já ouvi da nossa música, e definitivamente era esse resultado mesmo que a gente buscava! O nome Occult Rock, ao menos do meu ponto de vista, vem de letras inspiradas em ocultismo, o que no rock pesado tem origem no Black Sabbath. No entanto, a gente abrange muito mais do que isso, ainda que no fim das contas tudo esteja conectado. Desde criança me interesso por religiões, mitologia e História. Sempre fui atraído pelo lado mais sombrio, marginal e macabro da História, e criei essa banda pra poder expressar esse lado tanto nas letras quanto na atmosfera das músicas. A capa foi feita pelo Juarez Tanure da Opus Sinistram, baseada nos temas que inspiraram as letras do EP e algumas referências gráficas que enviei. Por exemplo, o filme de terror A Bruxa foi uma das inspirações pra faixa título, então gostei bastante dessa capa que se assemelha a um pôster de filme. Além disso, ela não é muito explícita; não tem um diabo gigante na sua cara chamando toda a atenção! Nossa música é sobre o que está sombras.

RC: Brasileiros na cozinha e um canadense de frontman…. Quando foi que você sacou que ia dar bom essa mistura? E como é a interação entre a parte brasileira e canadense? O Kjetil curte as bandas daqui?

DS: Quando ouvi a primeira nota dele cantando já vi que era a voz perfeita, mas percebi que ia dar certo mesmo quando o Kjetil me disse que se identificou muito com as letras e que sempre quis cantar em uma banda desse estilo. E ele realmente se interessa bastante por esses temas, tem escrito muitas letras pras músicas novas. Nesse primeiro EP as letras são todas minhas, mas no segundo (que estamos terminando de gravar) já tem letra dele também. Até um solo de guitarra ele gravou pra uma das música do próximo EP. Por enquanto fazemos tudo pela Internet; mando as demos, ele grava as partes dele e me envia de volta. Pra facilitar a vida eu digo pra todo mundo que o Kjetil é canadense, mas a verdade é que ele é um norueguês que vive no Canadá desde muito jovem. Eu mesmo só fui descobrir isso há pouco tempo, já que ele não tem sotaque algum de europeu. Mas imagina só: “banda brasileira com norueguês naturalizado canadense lança EP”! Eu estou começando a apresentar bandas brasileiras pro Kjetil, e ele tem se interessado bastante. O plano é ele vir pro Brasil pra fazermos shows assim que a situação do planeta permitir, e então vou fazer ele conhecer muitas bandas daqui pessoalmente.

Confira a faixa “Midnigh Guest” que dá nome ao EP:

E dá uma olhada no vídeo de “Hellfire”:

Curtiu o som do Midnight Guest? Deixa sua impressão aí nos comentários (a gente jura pelo capeta que vai ler).

Marcos Tadeu

Marcos Tadeu

Jornalista, idealizador e apresentador do Rock Cabeça na 100,9 FM, Rádio Inconfidência FM (MG) desde 2016. Acima de tudo, um fã de rock gringo.