A morte anunciada de Avicii em “True Stories”

A morte anunciada de Avicii em “True Stories”

Ainda em choque após assistir “Avicii: True Stories”, disponível na Netflix e Canal BIS, da NET. 

Mais do que nunca, precisamos falar sobre Tim Bergling, esse artista sueco franzino e tímido, encontrado morto recentemente em um apartamento em Omã. Causa divulgada: suicídio.

A princípio, há que se indagar as motivações de um jovem bem-sucedido, com inúmeros hits de abrangência mundial, respeitado por outros artistas como Nile Rodgers e Chris Martin, ter cometido suicídio. Clichês surgem aos montes: drogas, incapacidade de lidar com a fama, egocentrismo, relações tóxicas, etc…

Mas não no caso de Aviici. Definitivamente. 

E é isso que o documentário “True Stories”, fatalmente, revela. Mesmo que tenha sido produzido pouco tempo antes de Tim abraçar a morte anunciada em cada take e frame dessa história, em mais uma daquelas coincidências em que custamos a acreditar (Ver “Procurando Sugar Man”).

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Como na cena em que o artista discute com médicos medidas paliativas para neutralizar sua dor (ele sofria de pancreatite crônica, que, segundo ele, era como se fosse esfaqueado pela frente e pelas costas continuamente) em cima do palco:

Porém, muito mais que um documentário que mostra um artista brilhante, incapaz de se encaixar no paradigma do “dj” ou do gênero “EDM”, “True Stories” é um relato sombrio sobre como a indústria ordenha seus gados mais rentáveis. É tocante o momento em que, acuado pela imensidão de datas, Tim tenta cancelar shows, alegando que não se sente bem, sempre sendo avisado do quanto suas atitudes lesariam a “marca” Avicii.

Porque é isso que artistas brilhantes, como Tim, acabam se tornando: marcas.

“Ah, você terá alguns dias de folga entre 3 fins de semana de show em Las Vegas”.

Um cara que só queria fazer boa música com o computador, inovando no estilo ao convidar músicos e criando as próprias canções, depois sampleadas. Nunca foi talhado para animar massas e mais massas, batendo recordes de apresentações para satisfazer aos empregados de sua “empresa” de um homem só. Sobretudo, uma mente só.

Em outra cena comovente, Tim está tão pressionado para soltar outro grande hit que se esquece do prato de comida ao seu lado, enquanto a edição acompanha, em frames, o mesmo prato sendo reposto, intacto, ao longo do dia, até tarde da noite, para um Tim impávido frente à tela do computador.

“Preciso terminar isso”.

Ainda mais triste é que o documentário por vezes tenta ver luz pela fresta, enquanto o jovem Tim abandona as turnês e tenta se reerguer com meditação, prática de esportes, até o momento “libertador” (SPOILER) em que o artista deixa o empresário e o selo.

Ninguém sabia, mas talvez previa … Maybe it might be time.

Abaixo, a faixa que estourou Avicii no mundo inteiro, “Levels”:

E você, também lamentou a morte de Tim, o Avicii? 

Marcos Tadeu

Marcos Tadeu

Jornalista, idealizador e apresentador do Rock Cabeça na 100,9 FM, Rádio Inconfidência FM (MG) desde 2016. Acima de tudo, um fã de rock gringo.