MOX: a nova princesa feminista no rock

MOX: a nova princesa feminista no rock

Com 27 anos – idade emblemática para roqueiros e roqueiras ilustres – e formação em Direito, Marília Costa resolveu adotar o codinome usado em chats, MOX, para se lançar no showbusiness como uma grata novidade no campo roqueiro (principalmente em se tratando de um talento feminino, coisa que a gente não vê por aqui com a frequência que deveria).

Sem a preocupação de ocultar a sensualidade para que o foco se dê em sua música – uma medida drástica adotada por artistas que se previnem contra o machismo no segmento – MOX desenvolve um rock cantado em inglês com uma verve bastante acessível e dançante, sem abrir mão do seu lado sexy, uma atitude que reverencia, principalmente, o final dos anos 70 com Joan Jett e as Runaways.

é cansativo ter que lutar contra o machismo todos os dias, porque muitas pessoas encaram como se nós, mulheres, fizéssemos certas coisas por estarmos em busca de um parceiro, ou porque estamos de certa forma nos vendendo e nos exibindo….

MOX

Com 2 singles muito bem executados na bagagem e a expectativa de outros mais para janeiro, a paulistana Marília, ou melhor, MOX enaltece as jovens divas do cenário pop-hard-rock mundial da atualidade, como Avril Lavigne, Lzzy Hale, Taylor Momsem e, finalmente, Hayley Williams, do Paramore, em quem espelha sua ruivice, bem como o talento para compor, algo que faz desde a sua adolescência em Campinas. “Escrevo letras e textos sobre temas que vejo no meu dia a dia e questões que me deixam pensativa e reflexiva”, afirma MOX, que também sabe se comunicar como ninguém, seja por meio da música ou da atuação como digital influencer.

MOX: tudo dominado

Em seu canal no YouTube, MOX debate, com muita precisão, questões pertinentes ao universo do rock, como direitos autorais, novos álbuns, estilos que marcaram época, além de muitas pautas feministas. “Vivemos lutando para que um dia o respeito seja mútuo”, ressalta MOX, mais uma importante voz que aporta nesta batalha.

2 3 Toques com MOX

RC – O que acontece com mais naturalidade para você: compor, cantar ou tocar guitarra? 

MOX – Desde criança, cantar foi uma das minhas coisas favoritas de fazer, sempre fui envolvida com música, posso dizer que nasci cantando, fazia show no meu quarto para meus pais… mas com o tempo, na adolescência, chegaram as inseguranças e passei a duvidar das minhas capacidades, então tive uma fase muito tímida em que cantar era um grande esforço pra mim. Por outro lado, escrever e compor sempre me pareceu muito natural, e considero que é o que tenho mais naturalidade em fazer atualmente. Desde a adolescência escrevo letras e textos sobre temas que vejo no meu dia a dia e questões que me deixam pensativa e reflexiva. Hoje em dia, às vezes ao ver TV ou em uma conversa, uma frase que alguém diz pode despontar em um refrão que futuramente vem a se tornar uma música, posso dizer que escrever já faz parte de mim e da minha expressão.

Quanto a tocar guitarra, faz menos de 2 anos que comecei a aprender, sinto naturalidade em tocar certas coisas, mas ao mesmo tempo um pouco de insegurança por ainda ser nova no instrumento e não dominar tantas técnicas. Apesar disso, uma coisa é fato: eu me divirto muito tocando e me sinto realizada por poder tocar minhas músicas preferidas e compor através da guitarra.

RC – No Brasil e mesmo no mundo, não estamos acostumados a ver mulheres guitarristas…O que te incentivou nessa trajetória e aonde pretende chegar? 

MOX – Desde pequena sempre fui envolvida com o mundo do rock, por influência direta dos meus pais que são amantes do rock nacional e do rock clássico, e crescer nessa atmosfera me tornou uma grande admiradora das guitarras. Na adolescência, com o auge de algumas cantoras nacionais e internacionais (como Avril Lavigne, Hayley Williams do Paramore e Pitty) eu quis aprender a tocar guitarra, mas na época não tinha condições de comprar o instrumento ou fazer aulas, então esse sonho acabou ficando de lado. O tempo foi passando e fui me apaixonando ainda mais por rock, descobrindo bandas que eu gostava, conhecendo sozinha outras mulheres que também faziam rock (Taylor Momsem da The Pretty Reckless, Joan Jett, Tatiana Shmayluk do Jinjer, entre outas…) e foi quando Lzzy Hale (Halestorm) a pareceu em minha vida e tudo mudou!

Lzzy Hale: ídola máxima

O jeito que ela canta e toca me cativou de uma maneira tão especial que eu senti a necessidade de retomar o sonho de tocar guitarra e decidi comprar uma e começar as aulas. Posso dizer que ela é a minha maior inspiração para tocar e cantar, além de ser também uma inspiração de força e feminilidade. Pretendo ser reconhecida como guitarrista/compositora e alcançar outras meninas com minha música, tocar o coração delas assim como a Lzzy tocou o meu coração e toca até hoje.

RC – O rock infelizmente tem o estigma de ser um ambiente machista, e você, ao mesmo tempo em que exibe seu talento técnico em canções legais como “Brand New World”, também não se preocupa em esconder a sensualidade. Ainda é complicado investir nesse nicho musical diante desse contexto?  

MOX – É realmente triste que o meio do rock tenha esse contexto machista, mas posso ver que ao longo dos anos as coisas vêm mudando e o respeito pelas artistas mulheres tem aumentado, isso graças a várias mulheres incríveis que geram representatividade e impõe respeito, como a Fernanda Lira ( Crypta) e a própria Lzzy Hale. Preciso confessar que por muitas vezes é cansativo ter que lutar contra o machismo todos os dias, porque muitas pessoas encaram como se nós, mulheres, fizéssemos certas coisas por estarmos em busca de um parceiro, ou porque estamos de certa forma nos vendendo e nos exibindo, e tem momentos em que precisamos nos impor e provar que não estamos aqui pra isso, e sim pra fazer música de respeito. No entanto, há muitos homens que entendem esse lado de luta das mulheres e se solidarizam conosco, nos incentivam e nos apoiam. Vivemos lutando para que um dia o respeito seja mútuo.

A nova princesa do rock

Quanto à sensualidade, acho que é uma coisa inerente à nós, mulheres, e faz parte de mim, não faço ou visto algo pensando ‘vou ser sensual hoje’, eu faço porque gosto, porque me sinto bem. Não podemos nos encobrir e deixar de ser/fazer/vestir o que quisermos por conta de comentários maldosos e pessoas que querem nos deixar para baixo. Mais uma vez, falando da Lzzy Hale, ela mais do que ninguém mostra que ser sensual e rock and roll é possível! Aliás, meu single de estreia, ‘Princess’ fala sobre machismo e empoderamento, e esse é um tema que ainda vai me render muitas letras.

Veja o clipe de “Brand New World”, novo single de MOX:

Ficha Técnica

  • Música – Mox, Allan Massay e Ugo Ludovico
  • Vídeo – Marcel Briani

E agora queremos saber: o que achou dessa novidade de nome MOX? Conta para nós aí nos comentários!

Marcos Tadeu

Marcos Tadeu

Jornalista, idealizador e apresentador do Rock Cabeça na 100,9 FM, Rádio Inconfidência FM (MG) desde 2016. Acima de tudo, um fã de rock gringo.