Alta Fidelidade: Dá pra discutir música no Brasil?

Alta Fidelidade: Dá pra discutir música no Brasil?

Você acha que hoje dá pra levar a música a sério nesse país? O nosso guest blogger de hoje, o jornalista e ex-advogado infeliz Luiz Felipe Carneiro, acha que sim. Com uma expressiva contribuição para nossa escalpelada imprensa musical (ele é autor do curiosíssimo livro “Rock in Rio” da Editora Globo, esgotado nas livrarias),  o Luiz resolveu tirar as ideias do papel e, literalmente, colocar no ar, no canal “Alta Fidelidade“. Sem nenhuma fórmula ou estratégia de marketing, a ideia é basicamente botar a cara à tapa e simplesmente falar sobre artistas, filmes, cd’s, vinis e livros que ama.

luiz-felipe-carneiro-ney-rock-cabeca
Luiz Felipe em ação

Nesta entrevista, você vai conhecer um pouco de mais um ótimo trabalho do Luiz que, além de gente fina, realizou a proeza nunca antes vista na história desse país que consiste em ter 25 mil discos dentro de casa e um frigobar da Marshall lotado de cervejas no quarto.

master-rock-cabeca

Chega de enrolação… Preparado para a entrevista? Cheers!!!

RC – Como surgiu a ideia sobre a criação do canal? O Alta Fidelidade é baseado no livro do Nick Hornby?

high-fidelity-rock-cabeca

LF: A ideia surgiu através do canal do meu amigo Chico Rezende. Ele já faz um trabalho há alguns anos de humor na internet e, mais recentemente, criou o canal “Chico Recomenda”, no qual ele fala, basicamente, sobre filmes. Eu já tive blog de música , escrevi para a Folha de S.Paulo e International Magazine, e estava com saudades de falar sobre música. Sei que hoje, poucas pessoas têm paciência para ler blogs ou coisas afins (INTERFERÊNCIA DO ROCK CABEÇA: Não é verdade!!! rs) , então pensei que o vídeo seria um bom canal. O problema é que sou tímido e nunca me imaginei falando para as câmeras.

CHICO-ROCK-CABECA

 

Até que um dia, depois de beber algumas, estava com o Chico, vendo o canal “Chico Recomenda”. Ele falou que eu deveria fazer algo no mesmo estilo, só que sobre música. Topei na hora. Na semana seguinte, bolamos as seções do canal (top 5, disco do dia, música e literatura, grandes shows etc) e comecei a pensar nos roteiros. Concomitantemente, ele me treinou para falar frente às câmeras e marcamos uma data: 20 de abril de 2015, 25 anos do primeiro show do Paul McCartney no Brasil, para fazer um Top 5 dos grandes shows no Maracanã. Quando dei por mim, o canal estava no ar.




Quanto ao nome “Alta Fidelidade”, foi curioso. Tinha um nome em mente, mas já havia uma banda iniciante com o mesmo nome. Depois, em outro. Mas já havia um site com o mesmo nome. Eu tinha que decidir o nome em duas horas para bolar o logotipo e coisa e tal. Estava sentado na mesa do meu escritório e pensei: “vou olhar para o lado e ‘descobrir’ o nome”. O primeiro livro que vi foi o “Alta fidelidade”, do Nick Hornby, um dos meus escritores prediletos — tenho até um livro autografado por ele. Daí surgiu o nome do canal. É legal também porque o nome tem tudo a ver com música, como os LPs antigos, que vinham com a inscrição “high fidelity”. Penso que foi um bom batismo.

RC – Na sua opinião, há uma escassez de veículos de credibilidade para a divulgação de críticas e comentários sobre música e atividades afins, principalmente na web?

ROLLING-STONE-BRASIL-ROCK-CABECA   REVISTA-BIZZ-ROCK-CABECA

LF: Revistas sobre música não existem mais — a Rolling Stone é sobre cultura pop e política. Na internet, acho que existem bons sites de notícias e de resenhas, mas muito pouca coisa que fale mais sobre a história da música, curiosidades, discos antigos, shows importantes, em uma linguagem mais pessoal.

Kiko Loureiro Music Business

Por isso que, no “Alta Fidelidade”, sempre tento aliar a informação com o “coração”, ou seja, falar sobre a história do disco (ou do show, do livro…) e, ao mesmo tempo, falar sobre a minha experiência pessoal com o produto — por exemplo, falar do dia que comprei o disco, do dia que vi o show… As minhas observações pessoais, enfim. Acho que todo mundo que gosta de verdade de música tem essa relação bem pessoal com determinado disco, determinada música…

RC – Qual o feedback você tem tido do Alta Fidelidade (visto que costuma tratar de muitos artistas que são desconhecidos dessa nova geração)?

LF: Surpreendente. Já descobri pessoas (novos amigos, inclusive, como o Rock Cabeça) que gostam de música de qualidade. Eu me lembro quando gravei vídeos sobre a autobiografia do Morrissey (que nem saiu no Brasil) ou o “Brothers in arms”, do Dire Straits. Pensei: “vai ser um fracasso!”. Que nada, são dois dos vídeos mais acessados do canal. É bom demais ver a rapaziada participando e comentando música de uma forma séria.




4)- Pretende seguir com o Alta Fidelidade no mesmo formato?

LF: Acho que o formato vídeo é muito bom, prende a atenção das pessoas. Só espero ter saúde suficiente para manter o ritmo de um vídeo por dia. E quem sabe, no futuro, ter novas ideias e expandir o conceito do canal em novos formatos.

RC – Para fazer jus às listas do “Alta Fidelidade”, revele pra nós o seu TOP FIVE de artistas preferidos:

Nacionais:
5) Cazuza
4) Ney Matogrosso
3) Elis Regina
2) Legião Urbana
1) Dorival Caymmi

Internacionais:
5) R.E.M.
4) The Who
3) Queen
2) Bruce Springsteen
1) Beatles

moz2-rock-cabeca

E então, curtiu a entrevista? O que você acha sobre a nossa imprensa musical atual? Compartilhe com a gente a sua opinião através dos comentários!!!

Marcos Tadeu

Marcos Tadeu

Jornalista, idealizador e apresentador do Rock Cabeça na 100,9 FM, Rádio Inconfidência FM (MG) desde 2016. Acima de tudo, um fã de rock gringo.