O mundo colorido do Príncipe das Trevas
Estava eu, como de hábito nesta coluna, a escrever sobre os príncipes das trevas brasileiros, em último caso, Dudu “Little Banana”, quando fui surpreendido pela notícia da morte do legítimo: Ozzy Osbourne. Aos 76 anos e a menos de 20 dias do seu show de despedida com o Black Sabbath, o folclórico Prince of Darkness, enfim, saiu de cena para adentrar a história do rock mundial ao lado – ou melhor, talvez uns insignificantes 5 centímetros abaixo – dos seus ídolos, os Beatles.
Muito mais do que um gênio do chamado Doom Metal e um performer que, de tão estrambótico, só perdia para Freddie Mercury, Ozzy deixa um legado de diversão, do rock sem compromisso, com toques de humor, delinquência e, por que não, assombração. Afinal, o nome Black Sabbath foi inspirado no memorável filme do mestre do terror italiano Mario Bava. Mas embora arcasse com o título de príncipe trevoso, de ruim, Ozzy nunca teve nada.
Assim como outro gênio que nos deixou este ano, Brian Wilson, mente dos Beach Boys, Ozzy permaneceu ativo até o fim e chegou a prever que morreria em pleno palco de sua apresentação derradeira, em Birmingham, Londres. Neste mesmo local que Ozzy e o guitar hero raíz Tony Iommi se uniriam para formar a banda que levaria para sempre a alcunha de criadora do “heavy metal”. Chega a ser exagero? Apertem o play em “Paranoid” e concluam por si próprios.
Ozzy, Brian Wilson e tantos outros que se vão nos deixam a incógnita: será que um dia conseguirão ser substituídos? Será que já ouvimos tudo o que havia de ser criado em termos de música? Existe limite para o que ainda pode ser feito na arte, ainda mais com a Inteligência Artificial dando tantos pitacos (que absolutamente ninguém pediu)? Fato é que a influência, o universo, o imaginário que estes dois pesos pesados do rock criaram vai ficar, abençoando as trevas e, ao mesmo tempo, deixando o mundo mais colorido.
