Harry Styles: da boyband britânica a vencedor do Grammy

Harry Styles: da boyband britânica a vencedor do Grammy

No último domingo (05), foi realizada a 65ª cerimônia do The Annual Grammy Awards, a premiação mais importante da indústria musical. E inevitavelmente um dos nomes mais comentados da noite foi o do cantor e compositor britânico Harry Styles que faturou dois gramofones pelo álbum Harry’s House, sendo eles o de Melhor Álbum Pop e o de Melhor Álbum do Ano, a categoria de maior prestígio da premiação. 

Harry’s House, lançado no dia 20 de maio de 2022, desbancou outros grandes trabalhos de artistas tão relevantes quanto. Styles impressionou o mundo e até mesmo a si próprio ao bater nomes como o de Beyoncé com o álbum “Renaissance”, de Adele com o álbum “30” e o de Lizzo com o álbum “Special”.

Desde então, muitas discussões surgiram em relação à escolha feita pela Academia ao, mais uma vez, entregar o prêmio de maior importância da noite para um homem branco. Isso porque em 65 anos de premiação, somente doze artistas negros venceram a categoria de Álbum do Ano, e dentre este número, apenas três mulheres foram reconhecidas para receber o gramofone mais cobiçado. 

Ao mesmo tempo, muitos vibraram com a vitória de Harry’s House por se tratar de um álbum que conta com 13 faixas muito bem trabalhadas. Tanto que também foi reconhecido pela Academia como o Melhor Álbum na categoria Engenharia de som não-clássica. O terceiro disco da carreira solo de Styles traz canções com sonoridades leves, relaxantes e dançantes mas que carregam ao mesmo tempo letras intimistas e profundas, que evidenciam a evolução artística crescente que o cantor tem alcançado em sua carreira.

Além disso, Harry’s House trouxe canções como As It Was e Late Night Talking que deslancharam nas paradas musicais e que marcaram o último ano. O hit As It Was foi o primeiro single de divulgação do álbum e esteve no topo da Billboard Hot 100 durante 15 semanas e que, até a atual data, ainda permanece no top 10 da tabela de lançamentos musicais.

Ainda em 2022, Harry Styles ganhou mais relevância e reconhecimento pelo sucesso da sua turnê Love On Tour, que começou em setembro de 2021, divulgando o álbum Fine Line e que, com o lançamento de Harry’s House, já tem datas marcadas até julho de 2023. E inclusive o Brasil já recebeu os shows da turnê em dezembro do ano passado, que contou com um público de quase duzentas mil pessoas em apenas cinco datas em solo brasileiro.

Mas afinal de contas, musicalmente falando, como surgiu Harry Styles? Como se deu a sua ascensão na indústria musical? E por que ele se tornou um artista tão relevante?

Um fator X para o estrelato

Quando adolescente, Harry Styles deu os seus primeiros passos em sua carreira musical. Foi em Holmes Chapel, sua cidade natal, e nos tempos de high school, que Harry passou a integrar uma banda punk pop chamada White Eskimo. Foram apenas sete meses no comando vocal do grupo antes de tentar a sorte em um reality show britânico que buscava novos talentos no mundo da música.

Em 2010, ao se inscrever no The X Factor UK, programa criado pelo produtor e executivo Simon Cowell, tudo mudou na vida de Harry Styles. Em sua primeira performance cantou Isn’t She Lovely, um clássico de Stevie Wonder, e foi aprovado pelo próprio Simon e pela cantora Nicole Scherzinger.

Nas fases eliminatórias para a categoria de cantor solo, Harry não foi selecionado assim como outros quatro rapazes que não foram escolhidos, mas que chamaram a atenção do criador e jurado do programa. Foi neste momento que Cowell teve a ideia de juntar as vozes de Harry Styles, Liam Payne, Louis Tomlinson, Niall Horan e Zayn Malik e dá-los uma oportunidade de continuar na competição como grupo. E assim nasceu a One Direction, boyband que viria a se tornar uma das maiores da história.

Cinco garotos, uma direção

(Imagem: Reprodução / One Direction)

Ao longo de sua trajetória no The X Factor, a banda alcançou um tremendo sucesso entre os jovens do Reino Unido e a fama veio com tudo rapidamente. Mas mesmo com toda a popularidade e com uma base de fãs consolidada, os meninos acabaram em terceiro lugar no reality, ficando atrás dos participantes Matt Cardle e Rebecca Ferguson.

Após deixar o programa, a One Direction conseguiu contrato com a gravadora de Cowell que apostou na banda como o futuro sucesso da música pop. E assim foi. O primeiro single do grupo, What Makes You Beautiful, quando lançado em em 2011, vendeu quase 54 mil cópias na primeira semana e tornou-se a maior estreia britânica na Billboard Hot 100 desde 1998. Além disso, atualmente, o videoclipe de estreia conta com mais de 1,4 bilhão de visualizações no YouTube. Foi a faísca para a explosão de sucesso que a One Direction viria a ter no mundo inteiro e não apenas no Reino Unido.

Com os cinco integrantes, quatro álbuns foram lançados, sendo eles: Up All Night (2011), Take Me Home (2012), Midnight Memories (2013) e Four (2014). Com tais discos a One Direction se tornou a primeira banda a alcançar o primeiro lugar com os seus quatro primeiros trabalhos nas paradas americanas, e chegou a vender mais de 20 milhões de singles e 11 milhões de cópias dos álbuns, contando apenas com o seu catálogo lançado até o ano de 2014. 

Em 2015, após Zayn Malik anunciar a sua saída da banda, o grupo divulgou que entraria em um hiatus e foi apenas uma questão de tempo para que cada um dos integrantes também optassem por seguir carreira solo. Os membros da 1D buscavam maior liberdade artística e queriam se livrar de uma gestão exploradora e controladora.

Antes do hiato, o grupo lançou o seu último trabalho em conjunto: Made In The A.M (2016) que contou com os hits Drag Me Down, History e Perfect, sendo este último o responsável por fazer a One Direction quebrar um recorde que pertencia aos Beatles. A banda de rock britânica detinha o título de grupo com maior número de estreias no Top 10 da parada americana com as canções Hey Jude (1968), Get Back (1969), Let It Be (1970) e Free as a Bird (1995). O One Direction conseguiu superar tal marca com cinco singles lançados ao longo da sua trajetória.

Carreira solo e destaque global

A One Direction era também conhecida por ter uma das maiores e mais dedicadas fanbases. Quando o grupo se separou e cada um seguiu o seu caminho, os fãs continuaram apoiando os seus ídolos, mas agora de uma maneira diferente. Um fator presente nessa nova fase foi a questão da identificação e afinidade com os membros da banda. Não é segredo nenhum que Harry Styles sempre foi o queridinho do grupo, o que fez dele o maior alvo das pessoas e da mídia, é claro. Além disso, seus caminhos na carreira solo indicavam algo bem diferente e instigante em relação aos demais ex-membros da One Direction. E foi através desta proposta artística que chegou também a públicos que talvez nunca o notassem se não fosse pelo encerramento da era 1D.

Com uma maior liberdade de expressão, Styles se jogou de cabeça em sua arte e permitiu se reinventar, mostrando ao mundo um Harry que não era apenas um garoto talentoso de uma boyband, mas que passou a ser um homem amadurecido, um artista evoluído e livre de rotulações. E de cara mostrou isso em seu primeiro trabalho solo. O álbum Harry Styles (2017), teve uma proposta de sonoridade mais ousada em relação ao que só tínhamos ouvido Harry cantar até aquele momento. Com traços de soft rock misturados ao folk e com letras mais intensas, o primeiro trabalho solo de Styles foi muito bem recebido pela crítica e, obviamente, pelos fãs.

Em 2019, o segundo álbum de estúdio de Harry foi concebido. Fine Line, produzido em conjunto com Jeff Bhasker e Tyler Johnson, teve um sucesso ainda maior e foi reconhecido como um dos melhores álbuns daquele ano, e que seguiu sendo um dos trabalhos musicais mais relevantes de 2020. Neste disco, Harry traz o pop, mas dessa vez recebeu nuances sonoras e estéticas da década de 1970, sendo Cosmic Dancer, de T. Rex, Paul McCartney na era Wings e David Bowie dos anos 1990, as suas maiores inspirações.

Foi na era de Fine Line que Harry Styles foi reconhecido pela Academia do Grammy pela primeira vez. Na edição de 2021, Styles foi indicado a três categorias: Melhor Álbum vocal de Pop, Melhor Vídeo de Música, com o clipe de Adore You e Melhor Performance Solo de Pop, pelo hit viral Watermelon Sugar, com o qual recebeu o primeiro gramofone de toda a sua carreira. 

Um artista completo?

Inovação e versatilidade são palavras que bem descrevem o artista Harry Styles. E as evidências dessa afirmação não estão presentes apenas nas suas músicas, que evoluíram ano após ano e que o levou a um patamar ainda mais alto de seu reconhecimento global, mas também pela forma que Styles explora todas as nuances artísticas que tem dentro de si. 

Harry também se tornou uma referência da moda desde que começou sua trajetória como artista solo. Defensor das roupas de gênero fluido, Styles passou a chamar atenção com a autenticidade e até mesmo com a  extravagância de seu visual. Considerado um ícone fashion dessa geração, em 2020, Harry foi convidado para posar para a capa da revista Vogue americana usando vestido longo e saia, sendo um porta voz da quebra de paradigmas. Segundo o próprio, “as roupas existem para se divertir”.

(Reprodução / Vogue 2020)

Além de trabalhos artísticos na música e na moda, Harry Styles passou a explorar outra bolha do entretenimento: a atuação. Na carreira de ator ainda passa pelo processo de aprendizado e evolução, mas já esteve em produções cinematográficas de grande peso na mídia. Sua primeira aparição foi no filme Dunkirk (2017), do diretor Christopher Nolan, que conta a história da Batalha de Dunquerque, entre maio e junho de 1940. Desde então novos papéis surgiram para Styles, sendo eles nos filmes My Policeman (2022), Don’t Worry Darling (2022), além de ser escolhido para viver o personagem Eros, irmão do vilão Thanos no Universo Cinematográfico Marvel. 

Não restam dúvidas que Harry Styles soube aproveitar o seu talento desde cedo. E com a experiência que ganhou ao longo dos seis anos trabalhando em uma boyband britânica, ele aprendeu mais sobre si, sobre sua arte e sobre como expressá-la como artista solo. Styles usou o seu dom, carisma, talento e até mesmo a beleza para chegar a um status de tamanha relevância, ao ponto de alcançar as prateleiras mais altas da indústria e ser reconhecido como um dos artistas mais marcantes desta geração.

E você, acha que Harry Styles mereceu ganhar o Grammy mais importante de 2022? Não esqueça de deixar a sua opinião nos comentários 🙂

Ana Luiza Pereira

Ana Luiza Pereira

Jornalista em formação pela PUC Minas. Apaixonada pelo universo dos esportes e da cultura pop, mas que também adora um bom rock n’ roll. Trabalha principalmente com o futebol, mas nas horas vagas adora se jogar e se aventurar no mundo da música, dos filmes, livros e séries de TV.