Call it Magic: Coldplay no Brasil

Call it Magic: Coldplay no Brasil

A essa altura, vocês provavelmente já devem ter lido mil e uma resenhas sobre o show do Coldplay do último 10 de abril no Maracanã, no Rio de Janeiro. Talvez até já estejam se preparando para a próxima vinda da banda inglesa ao país, quem sabe no Rock in Rio. Eu, no entanto, ainda estou lá. Sim. Ainda não tirei os pés do gramado encoberto do estádio. Permaneço inerte, ensopado de suor, debaixo de um calor desgraçado e com minha xyloband reluzente no pulso. É que, por mais que a gente chegue aos 37, como é o meu caso, dá sempre para tirar uma folga e ser feliz como um garoto novamente – e o Coldplay é pródigo em nos proporcionar esse tipo específico de felicidade.

“Mas essa banda só canta Magic. Acho que já ouvi essa música” 

Essa foi uma das reclamações da minha mulher, que de Coldplay só conhece “Viva la Vida” (e mesmo assim não sabe o título da música). Mas entre cotoveladas e empurrões de fãs mais afoitos que a literalmente atropelavam no meio da pista simples, até ela, uma fã legítima de Chico Buarque, teve que reconhecer: “Isso é que é show”, enquanto tentava tocar um dos enormes balões coloridos que flanavam sobre a galera. Na verdade, a observação dela até que fez sentido. Um show como esse da “A Head full of dreams” Tour não tem explicação que não seja … mágica.

O que vem agora?

Eu que nunca fui fã de cerimônias de reveillón pude acompanhar minha primeira salva de fogos. A cada música que a banda entoava no palco, uma chuva de papéis picados se seguia, enquanto a emissão de sinais para as xylobands  transformava cada um dos espectadores em parte viva da cenografia do estádio. É como se literalmente nós mergulhássemos em cada música. Uma sensação diferente após a outra – e olha que nem era preciso mirar o palco para sentir a proximidade de Chris e Buckland: trata-se de uma performance tão poderosa que a música fala por si própria.

América Latina: cobaia?

Por mais que pareça espontâneo, o espetáculo tem um quê de ensaio por trás da improvisação. Desde os momentos em que Chris Martin escolhe para cantar na passarela, até a hora em que ele interrompe “A Sky full of stars” para presidir pedidos de casamento do público. E o fato de essa turnê ter se iniciado pela América Latina é sintomático: obviamente os caras estão testando todos os números que podem com a ajuda de um público ganho e caloroso. Mas, para falar a verdade, e daí? Adorei ter sido cobaia dos bottons “Love”, das Xylobands, dos balões, dos papéis picados, da troca de palcos, das versões mais intimistas…Nossos comparsas americanos e europeus hão de concordar!

“Oh oh oh oh oh oh”

Não adiantou nem o botton vermelhinho que ela ganhou e prontamente colocou sobre a camiseta. Minha mulher, jornalista como eu, é daquelas críticas atentas a cada detalhe. Outro que ela detectou é a quantidade de refrões com “Oh oh Oh oh Oh”… Mais uma vez tive que dar o braço a torcer. Coldplay é hino para estádio. Suas músicas são feitas na medida certa para empolgar e, claro, a gente cantar junto. E, no fim das contas, que mal há nisso, se todos saem felizes e ordeiros do Maracanã, numa noite tranquila em que o metrô se transforma em ponto de encontro da seita “Love”?

coldplay no brasil

Obrigado, Coldplay. Voltem sempre ao Brasil. Vocês sabem como nos fazer felizes. E olha que até minha mulher concorda dessa vez!

Marcos Tadeu

Marcos Tadeu

Jornalista, idealizador e apresentador do Rock Cabeça na 100,9 FM, Rádio Inconfidência FM (MG) desde 2016. Acima de tudo, um fã de rock gringo.