Dezordi: o último compositor rock and roll

Dezordi: o último compositor rock and roll

Canções simples com refrões que grudam na cabeça. Uma proposta que hoje parece simplória, devido à profusão de elementos de pós-produção que acabam contaminando a composição, é a base da música do gaúcho Tiago Dezordi, ou simplesmente, Dezordi. Não por acaso, o artista tem nos Beatles uma de suas principais referências. “Fico pensando que essa correlação talvez tenha a ver com o fato de eu primar muito pela parte melódica das canções, algo que os Beatles faziam com maestria”, analisa Dezordi.

I see the light: Dezordi em ação

Com canções em inglês, Dezordi mira nos fãs de rock “raíz”, incluindo não só os seguidores do quarteto de Liverpool, como amantes do rock progressivo, americana e até o goth-rock do The Cure que tanto marcou os anos 80. Segundo Dezordi, o apreço pela diversidade que manifesta desde sempre como artista é o que o leva a consumir e ser influenciado por essa bela massaroca sonora.

o som de todos esses caras e de muitos outros, fermentados na minha mente inquieta, certamente influenciam também no meu som. E talvez por eu ter tantas e tão diversas influências, muitas vezes as minhas próprias músicas tem sonoridades bem diferentes entre si.

Dezordi


Tiago Dezordi: He walk the line

Bem-vinda mudança de “ares”

Morando atualmente no Rio de Janeiro, foi com a quebra da rotina imposta pela pandemia que o gaúcho encontrou o tempo e a harmonia que precisava para se concentrar em suas composições. Dezordi compôs mais de 30 músicas no ano passado, músicas que agora estão sendo metodicamente gravadas, conforme planejamento que o próprio fez.

Sua primeira música, “Happiness”, foi gravada no primeiro semestre de 2021 e lançada como single em 17 de setembro. Ela foi seguida por “The Gift” e agora “The Shark” (cujo clipe estreia 21/01) e devem fazer parte de um álbum esperado para abril deste ano. Como vocês podem observar, produtividade certamente não é um problema para este genuíno roqueiro independente.

2 3 Toques com Tiago DEZORDI

RC – Você é um gaúcho que mora, hoje, no Rio de Janeiro. Como essa mudança afetou o seu processo de composição das letras e das músicas (além do calor atípico em comparação ao Sul).

TD – O interior do Rio Grande do Sul é meu berço, meu ponto de partida, mas hoje eu me sinto meio que do mundo porque já morei também em Floripa, Porto Alegre e Salvador, além do Rio. Culturas bastante diferentes umas das outras que proporcionaram uma experiência super rica pra mim. Acredito que esse caldeirão todo tenha uma influência inconsciente sobre as minhas composições. Agradeço a oportunidade de experimentar todas essas realidades e que venham outras!

Quanto às diferenças de clima, em si, eu nasci em uma cidade em que o inverno é muitas vezes denso, fechado, onde há noites de neblina que mais parecem Londres e onde a gente tende a se recolher mais, em casa e dentro de si. Claro que isso formatou um pouco do que eu sou e que o sol e o calor ajudam a me tirar de casa e da concha. Acho que a minha música é, de alguma forma, também um pouco produto dessas dualidades: do fechado e do aberto, do frio e do calor, do pesado e do leve. 

RC – Como artista, você cuida muito bem do seu planejamento de lançamentos, inclusive com o lançamento de um novo álbum previsto. Acredita que seja esse o pré-requisito para os independentes se firmarem em alguma cena? 

TD – A cada passo que dou nesse mundo da divulgação de singles, percebo a importância de se manter uma regularidade de lançamentos. É preciso criar e manter a expectativa do público em relação ao trabalho. Mas que público é esse? Especialmente no caso de música de nicho, como é o rock hoje em dia, conseguir identificar onde está esse público, para ter a possibilidade de fazer a música chegar até ele, é uma ação fundamental dentro do planejamento de lançamentos. 

Procuro aprender um pouco mais a cada dia sobre o assunto, mas ainda estou dando meus primeiros passos. No meu próximo lançamento, Kaleidoscope Display, que será lançado em fevereiro, vou experimentar uma assessoria de marketing digital focada em lançamentos e testar os resultados. Tudo faz parte do processo de aprendizagem.

RCA influência dos Beatles é muito forte no seu trabalho, e entre os seus próximos lançamentos está a emblemática “Lennon Song”. Por que uma canção dedicada a este beatle em específico? 

TD – Várias pessoas me dizem que percebem influência dos Beatles nas minhas músicas e eu acho isso um baita elogio. Fico pensando que essa correlação talvez tenha a ver com o fato de eu primar muito pela parte melódica das canções, algo que os Beatles faziam com maestria. Mas no caldeirão das minhas influências tem muitas outras bandas e artistas importantíssimos, como Pink Floyd, Supertramp, Neil Young, The Cure, Legião, Secos e Molhados, 14 Bis, Gilberto Gil, Kleiton e Kledir, etc.

Enfim, o som de todos esses caras e de muitos outros, fermentados na minha mente inquieta, certamente influenciam também no meu som. E talvez por eu ter tantas e tão diversas influências, muitas vezes as minhas próprias músicas tem sonoridades bem diferentes entre si. E mais uma vez, eu acho bem legal essa diversidade. Convido todos a ouvir.

Ah, a música a que você se refere, Lennon Song, que será lançada provavelmente no meu segundo álbum, tem esse nome, na verdade, porque eu a compus depois de assistir ao documentário “John e Yoko: Só o Céu como Testemunha”. Dei esse nome mais para eu mesmo lembrar o momento em que a música foi composta, mas ainda não sei se ele vai permanecer. Se o clima do documentário, e as músicas em si, também influenciaram o som, é algo que difícil de saber. Nossa mente é um intrincado sem fim de caminhos e possibilidades. Mas no final, acho que tudo soma.

E então, o que achou do som do Tiago Dezordi? Conte para nós aí nos comentários, queremos saber a sua opinião!

Marcos Tadeu

Marcos Tadeu

Jornalista, idealizador e apresentador do Rock Cabeça na 100,9 FM, Rádio Inconfidência FM (MG) desde 2016. Acima de tudo, um fã de rock gringo.